quarta-feira, 24 de março de 2010

SEGUNDA ECLOSÃO E SEGUINTES

Este início tem sido bastante positivo. Ontem nasceu a primeira fêmea e hoje mais outro macho e outra fêmea. O primeiro par, já copulou hoje à tarde e em principio iniciará as posturas, amanhã ou depois de amanhã.Este ano, estou a fazer muitos testes e um dos que está a mostrar-se extremamente útil e funcional, é a CAIXA DE ACELERAÇÃO DAS ECLOSÕES. Esta caixa, não é mais do que a tradicional caixa de criação de pintainhos, mas com as devidas adaptações, para as nossas borboletas. Assim sendo, esta caixa tem algumas características particulares a começar pelo tamanho, pois as suas medidas, são as suficientes para permitir ambientar mais de 100 crisálidas, (já presas ao algodão) e usar uma lâmpada ordinária de 60W.
O material necessário é:
1 - 1 caixa de cartão canelado (para que o interior ondulado funcione como isolante térmico)
2 - 1 termómetro de álcool (aqueles que têm como indicador um liquido vermelho)
3 - 1 lâmpada de 60W
4 - 1 casquilho para a lâmpada
5 - 1 cabo eléctrico com 2 fios

6 - 1 ficha macho
As medidas da caixa são 50cm x 50cm x 35cm e devem ser abertas duas pequenas janelas, para controlar a temperatura, caso ultrapasse os 40ºC, tal como se pode ver na figura seguinte:A lâmpada deve ser colocada ao centro e o termómetro deve ser colocado na base da caixa, por baixo da lâmpada de forma a poder ver-se facilmente a temperatura, sem abrir a caixa, olhando apenas pelo espaço de 1mm ou 2mm que fica entre as duas abas que fecham a caixa.Caso a temperatura se aproxime dos 40ºC, devem abrir as janelas laterais, para baixar alguns graus, a temperatura.Com este método, é possível fazer eclodir, praticamente todas as borboletas, num espaço de uma semana, o que é fundamental, para incrementar o êxito das cópulas.

segunda-feira, 22 de março de 2010

PRIMEIRA ECLOSÃO DE 2010

Este ano, talvez por causa das baixas temperaturas de Março, a primeira Papilio Machaon, nasceu hoje. Como habitualmente, é um macho uma vez que já sabemos que em condições normais, os machos nascem primeiro que as fêmeas.O isolamento do borboletário está a confirmar-se excelente, pois actualmente já se atinge durante um par de horas, temperaturas acima de 20ºC na zona fria e acima dos 30ºC nas caixas de eclosão.
Amanhã estão previstas mais eclosões e será imperativo a utilização de uma caixa de aceleração das eclosões, para que todas possam coexistir, no espaço de uma semana e consequentemente aumentar a possibilidade de êxito das copulas.
Os alimentadores estão prontos. É grande expectativa que venham produzir o resultado que pretendo.

segunda-feira, 1 de março de 2010

CRIAÇÃO 2010. O RECOMEÇO

Assim que alcançámos a segunda quinzena de Fevereiro, as temperaturas no interior do borboletário têm atingido com alguma consistência os 17ºC . Assim criaram-se as condições mínimas para a retirada do frio da primeira espécie que, após ter falado com Gonçalo Pereira, decidi que seriam de novo as Papilio Machaon, devido a estarem mais adaptadas ao nosso clima, o que pode ainda não ter acontecido com as Papilio Polytes. No passado dia 20 de Fevereiro, foram retiradas do frio, 40 crisálidas de Papilio Machaon e colocadas à temperatura ambiente (interior da habitação) durante 9 dias. Após este período, foram colocadas no interior do borboletário, dentro dos compartimentos de eclosão, já nossos conhecidos. Nesta fase, a temperatura percorre o ciclo "normal" da natureza, atingindo na fase quente do dia cerca de 25ºC durante aproximadamente 4 horas (em dias de sol) e na fase fria (à noite) desce para os 10ºC. É expectável que as eclosões se iniciem no começo da próxima semana. Até este momento a eclosão que se deu mais cedo no meu borboletário, foi no dia 4 de Março de 2008 e em 2007 deu-se no dia 8 de Março. Estou também numa fase adiantada, na evolução dos novos alimentadores de néctar, que espero que dêem resultados muito positivos. Logo veremos.

sábado, 8 de agosto de 2009

PAPILIO POLYTES


No inicio de 2009, o criador Gonçalo Pereira, sugeriu-me a criação de Papilio Polytes.
Após a minha relutância ter sido derrubada pelas respostas que me deu às inúmeras questões que lhe coloquei, enviou-me 25 ovos das tais borboletas que "têm um voo perfeito e não batem em nada" dizia, "não são como as Papilio Machaon que partem as asas todas".
E para meu espanto, tudo o que me disse, estava correcto.
Além de serem muito fáceis de reproduzir, era uma delicia vê-las a voar dentro do borboletário, em constantes manobras por entre as budeleias sem tocar em qualquer ramo.
Mas voltando ao início, logo que recebi os ovos, fiquei preocupado, que alimentação deveria dar. Daria Laranjeira? ou Arruda? Decidi dar laranjeira, pois pensei ser a planta que menos choque provocaria em relação à alimentação original, do país de origem.
Segunda decisão: Como aqui as temperaturas primaveris começam um pouco mais tarde, as folhas dos Citrus spp ainda não tinham rebentos tenros, apenas as folhas endurecidas da estação anterior, que seriam difíceis de serem comidas, pelas jovens lagartas.
Lá encontrei uma laranjeira que iniciava as suas novas folhas, e levei algumas para começar.
Resultou.
Começaram a comer e a crescer todos os dias, da habitual forma rápida, comum à maioria das lagartas.
Quando já se encontravam no 2º instar, achei que era altura de as colocar nas arrudas, para testar esta alimentação, que estava catalogada nos livros da especialidade, como sendo uma das alternativas.
Não comeram nada.
Falei de novo com o Gonçalo Pereira o e para meu espanto, disse-me que as dele comiam Arruda normalmente, só que cresciam com um pouco mais de lentidão.
Não quis arriscar e decidi continuar a dar laranjeira.
Cresceram, crisalidaram e quando eclodiram, fiquei boquiaberto com aquelas maravilhas.
Tudo o que o Gonçalo tinha escrito, era confirmado. Voo perfeito, facilidade de reprodução e um tom pouco habitual, mas muito bonito, para uma borboleta nascida em Portugal
Uma vez mais, o Gonçalo tinha razão e as suas experiências, descritas no Azeitagis, vinham confirmar definitivamente que ele se encontra, não só na linha da frente, mas sim no primeiro lugar dos criadores de lepidópteros, em Portugal.

sábado, 23 de agosto de 2008

SEQUÊNCIA DO MÉTODO DE CRIAÇÃO 2008.

Cada criador, tem o seu próprio método de trabalho, de acordo com o espaço disponível e a estrutura física do borboletário.
No meu caso e especificamente na criação de Papilio Machaon, é colocada uma arruda, de tamanho médio, numa zona mais ensolarada, para que se torne, por um lado mais visível e por outro mais atractiva, pois as Machaon, preferem fazer a postura em plantas que tenham uma exposição mais protegida e solarenga. Quando se iniciam as posturas, dependendo do numero de borboletas que se encontram no borboletário, pode fazer-se a substituição das plantas, de 3 em 3 dias, até diariamente. O motivo destas trocas frequentes, é para que não haja muitas diferenças de tamanho entre as lagartas, pois caso isso aconteça, corre-se o riscos das mais crescidas terem um debito de alimentação de tal ordem que os ovos que estão para nascer, são postos abaixo pelas mais crescidas. Assim sendo, quando tenho mais de 30 borboletas a fazerem posturas ao mesmo tempo, substituo as arrudas todos os dias, durante apróximadamente 15 dias.
Quando as primeiras lagartas atingem o 5º instar, já as posturas terminaram e é tempo de recolocar as primeiras arrudas, de novo no interior do borboletário,para que as lagartas não sejam comidas por pássaros, pois nesta altura, já têm tamanho suficiente, para terem este predador, como o maior inimigo. Ao mesmo tempo que são recolocadas no borboletário, é trocada a alimentação para funcho (Fueniculum Vulgaris) pois pretende-se que as lagartas sejam alimentadas com estas duas plantas, de forma a não criarem hábitos monófogos. Quando estão próximas do seu tamanho máximo, é tempo de serem mudadas para o interior, para que não desapareçam. A sua natureza, impele-as para crisalidarem afastadas da sua planta hospedeira e por isso devem estar num espaço sem fugas e de fácil controlo. Logo que teçam o fio que as vai suportar, devem ser retiradas do local (cortanto o fio com a ajuda de um X-Ato) e colocadas num recipiente, de forma a ser fácil mudar de local, quando for desejável, até que percam a última pele. Por fim, são colocadas (numa primeira fase) no frigorífico a cerca de 10 graus celsius, para que as que tenham "erro" genético ou falta de sensibilidade ao frio, ecludam (durante um período de aproximadamente 30 dias) e as restantes colocam-se a 6 graus celsius, para que permaneçam em hibernação durante o tempo pretendido pelo criador.

terça-feira, 8 de julho de 2008

PRIMEIRA ECLOSÃO

Nove dias após a retirada das crisálidas do frio, eclodiu a primeira borboleta.
Um macho de Papilio Machaon com 9 cm de asa.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

SEGUNDO GRUPO

Hoje foi retirado do frio, o segundo grupo de crisálidas. Este grupo é constituído por 39 crisálidas, de peso compreendido entre 0,90 gramas e 0,99 gramas.

Presumo que este grupo contenha maior percentagem de machos, todavia será confirmado após os registos das eclosões.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

PESAGEM E SELECÇÃO DAS CRISÁLIDAS

Afim de estabelecer uma relação entre o peso das crisálidas de Papilio Machaon e a sua envergadura, procedi à pesagem das 166+5 crisálidas, com os seguintes resultados, em gramas:

0,60 - 0,69 ----------- 6
0,70 - 0,79 ----------- 33
0,80 - 0,89 -----------63
0,90 - 0,99 -----------39
1,00 - 1,09 -----------22
1,10 - 1,19 ------------7
1,20 - 1,29 ------------1

Assim sendo, e com a previsão de que as mais pesadas serão fêmeas, retirei do frio, ontem, 29 de Junho, todas as crisálidas (30) com peso superior a 1 grama.


O objectivo, é dar prioridade à eclosão destas, de modo a estarem disponíveis, logo que ecludam machos. Dentro de 5 dias retirarei do frio todas as crisálidas com peso compreendido entre 0,90 gramas e 0,99 gramas e 5 dias depois retirarei as restantes, de peso compreendido entre 0.80 gramas e 0,89 gramas. Todas as crisálidas de peso inferior a 0,80 gramas não serão seleccionadas para reprodução.

domingo, 29 de junho de 2008

TABELA DE CRISALIZAÇÃO DAS PAPILIO MACHAON

As lagartas que nasceram das posturas de Março, crisalidaram entre o dia 26/04/2008 e o dia 26/05/2008. Tiveram um ponto máximo de crisalização no dia 13/05/2008 (20 crisálidas), tendo sido colocadas em hibernação, 48 horas, após a ultima expulsão da pele.
Esta é a primeira geração de 2008 com um total de 166 indivíduos, da qual sairão crisálidas seleccionadas por peso, de modo a estabelecer uma relação entre peso e envergadura. A tabela que se segue, descreve a quantidade de crisálidas, por dia.

A partir de hoje, irão ser retiradas do frio, quantidades de crisálidas representativas da sua classe de peso, de 5 em 5 dias.

sábado, 10 de maio de 2008

CONTROLO DE POPULAÇÕES, PARASITAS E PREDADORES

Já há um par de semanas, que as lagartas de Papilio Machaon iniciaram a fase de crisálida. Antes desta fase (ultimo instar), os maiores predadores são os pássaros, no entanto, logo que abandonam a planta hospedeira e encontram o local ideal para crisalidar, são de imediato 'escoltadas' por Hymenopteros, que não abandonam mais as lagartas e esperam pacientemente, até que estas percam a ultima pele, de forma a fazerem a ovoposição, enquanto a queratina não endurece (fotos de Klaus Kamppeter). Alguns destes parasitas, fazem a ovoposição, sem que a lagarta tenha perdido a ultima pele, mas a maioria espera, e durante essas horas em que a queratina está mole, fazem a colocação dos ovos no seu interior, injectando-os através de uma espécie de agulha que se encontra na extremidade do abdómen e que está adaptada para a postura, provocando irremediavelmente a morte da crisálida.
Para o criador atento, logo que a lagarta abandone a planta hospedeira, deve recolhê-la de imediato e colocá-la dentro de uma caixa de madeira inclinada a 45 graus, de modo a que quando fizer a ultima descarga intestinal (liquida), não caia sobre as outras que já se possam encontrar dentro da caixa, a crisalidar ou já crisálidas. Desta forma, além de se evitarem os parasitas, também se evita que a lagarta gaste muitas reservas alimentares na procura de local, resultando em borboletas ligeiramente maiores. A recolha das crisálidas, deve ser feita após 48 horas da perda da pele (quando a queratina já se encontra dura) e os fios da seda devem ser cortados com a lâmina de um x-ato, o mais encostada possivel à madeira, de forma a cortar apenas a seda. Depois é só acondicioná-las com cuidado e guardá-las no frigorifico a uma temperatura que esteja compreendida entre os 4 e os 8 graus. Devido à capacidade de hibernarem logo que a temperatura baixe, poder-se-ão juntar outras que crisalidem posteriormente e quando pretenderem que ecludam, podem ser retiradas do frigorifico a todo o tempo (quando acharem conveniente ou quando pretenderem expô-las) que eclodirão ao mesmo tempo, num espaço de, apróximadamente 15 dias (caso a temperatura ambiente seja elevada, poderá ser em menos tempo). Este processo é muito útil, para quem pretender programar exibições no borboletário ou para quem pretenda manter populações de Papilio Machaon fixas, durante um largo periodo de tempo, bastando para isso, retirar do frio (em espaços de 10 ou 15 dias) um quantidade de individuos que satisfaça o objectivo da exibição.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

COM QUANTOS OVOS SE FAZ UMA BORBOLETA?

Existem estudos desproporcionalmente maiores com insectos que podem causar danos ou estragos ao nosso bem-estar ou à economia, do que com populações naturais de insectos. Alguns biólogos e entomologistas, fazem estudos muito rigorosos, de forma a construir tabelas de vida, procurando com isso descrever o impacto relativo das fontes de mortalidade, sobre uma população natural de insectos. Em relação às borboletas, o conhecimento que existe sobre cada espécie, acerca do numero de ovos que atinge a fase adulta, não é fácil nem existem muitos estudos divulgados, além disso, há países em que os predadores/parasitadores, que existem para a mesma espécie, diferem, umas vezes porque de facto não existem nesses países, outras porque a sua população é diminuta (por factores climáticos). A Papilio Machaon é muito parasitada por insectos da ordem Hymenoptera, no entanto a Trogus Lapidator (foto de PJBernard) ou a formiga vermelha, que é muito usual em França na parasitação das Papilios, já têm pouco significado em Portugal.
Assim sendo, a pergunta que se põe é:
Com quantos ovos se faz uma borboleta?

Considerando que uma determinada população de borboletas é considerada estável,
também seria muito simples concluir que, seriam necessários apenas 2 ovos atingirem o estado adulto, para substituir os seus progenitores, mas... isto não é bem assim, pois existem adultos que morrem antes de se reproduzirem ou morrem (por variados factores) antes de fazerem posturas significativas ou não eclodem em condições perfeitas que lhes permitam reproduzir-se. Por outro lado também existem machos que copulam várias fêmeas, o que volta a reequilibrar esta relação de quantidades. "De facto, numa postura de 200 ovos, numero comum a milhares de espécies, apenas se desenvolverão meia dúzia ou pouco mais de insectos perfeitos." (As Borboletas de Portugal - Ernestino Marvalhas, pag. 59). Com isto, podemos concluir que, para um grande numero de espécies, pouco mais de 3%, atingem as condições ideais para a reprodução.
Para termos uma ideia mais abrangente, de como tudo isto é variável, num estudo divulgado por Filipe A. P. L. Costa, feito em 2005 à Hypothyris Ninonia, obtiveram os seguintes resultados:

Dos 858 ovos postos, apenas um chegou ao estado adulto, o que dá uma pouco mais de 1‰ de sobrevivência. A elevada predação e parasitação desta espécie, faz com que esta percentagem seja muito reduzida e em consequência, este insecto terá de fazer posturas de numero muito elevado, para que a população não seja reduzida.

Para que tem o gosto de criar borboletas, aqui estão dados científicos, que permitem 'perceber' a grande ajuda que estão a dar à propagação desta ordem de insectos.

terça-feira, 6 de maio de 2008

UM NOVO RECORD... MAS NÃO É MUNDIAL.


A ultima das crisalidas de Papilio Machaon, da geração de 2007, eclodiu.
Já há muito tempo que se fazem registos dos tempos de hibernação e normalmente os paises nordicos detêm estes records, devido à sua temperatura média ser relativamente baixa. No nosso caso a lagarta crisalidou em finais de Outubro de 2007 (não precisei o dia) e eclodiu a 5 de Maio de 2008. Como não tenho a data exacta e para não errar por excesso, convencionei que o dia seria 31 de Outubro de 2007, o que faz com que o tempo de hibernação tenha sido de 187 dias (por defeito)... mais de meio ano.
O registo da maior hibernação que se conhece, está atribuído a uma Papilio Machaon da Suíça, que hibernou durante 296 dias.

domingo, 4 de maio de 2008

LAGARTAS DEMAIS? NAAAÃO...


Quando se deram as eclosões, das mais de 40 crisálidas de Papilio Machaon da ultima geração de 2007, pensei que, talvez fosse possível aumentar este numero. As 44 que tive no final do ano passado teriam de ser superadas e o objectivo seria as 60. Este aumento, dar-me-ia maiores possibilidades de obter borboletas com maior tamanho, assim como obter maiores áreas de cor azul e vermelha, de forma a prosseguir com mais eficácia, este rumo na reprodução, a que me propus. Talvez por ter colocado poucas arrudas, fiquei com a sensação de que as posturas não tinham sido muito intensas, e quando achei que teria aproximadamente 70 ovos, retirei-as do borboletário, libertei-as e esperei que as lagartas nascessem. Qual não foi o meu espanto, quando após 3 semanas, verifiquei que afinal tenho mais de 150 lagartas esfomeadas e a darem imenso trabalho. Pensei que eram demais, mas com o passar do tempo, já me habituei e agora já não as vejo de maneira preocupante. Se conseguir ter sucesso com estas... quem sabe se para a 2ª geração não tentarei as 200... vamos ver.

domingo, 13 de abril de 2008

MUDAR LAGARTAS DE UMA PLANTA, PARA OUTRA

Estamos a atravessar um mês, em que as lagartas da maioria das espécies, abundam. Um dos cuidados que devemos ter, encontra-se na mudança das lagartas de uma planta para outra. Conforme as plantas vão sendo digeridas, vão atingir um grau de destruição, que a partir do qual é necessário deixá-las recuperar, com o risco da capacidade de se regenerar, ficar irremediavelmente perdida. As lagartas da fase L1 e L2, são as mais dificeis de mudar, pois como são pequenas, facilmente se perdem caso caiam, e também porque têm uma menor capacidade de se voltarem a prender às folhas, tanto pela sua dimensão como pela falta da seda, existente no seu local de nascimento. No percurso habitual entre o local de repouso e o local de alimentação, as lagartas desta fase vão deixando um caminho de seda, que lhes permite deslocarem-se com segurança. As lagartas de Papilio Machaon, descansam na posição de esfinge, suportando-se apenas pelas patas falsas (pseudópodos), coisa que fazem com segurança, pois a superficie onde se encontram é coberta por seda, tornando-se muito aderente. Assim sendo, e como na nova planta, nada disto existe, há duas regras que são aconselhaveis seguir para fazer a muda:
A primeira, é utilizar um objecto com algum atrito e que seja fino, para que seja mais facil agarrarem-se. Poderá ser um pauzinho ou um palito.
A segunda, é nunca mudar uma lagarta que esteja parada, pois muitas delas que se encontram imoveis, estão na fase de mudança de pele e nessa altura algumas especies como é o caso das Papilio Machaon, já não têm fucionalidade nas patas abdominais, apenas estão presas pelas patas falsas à seda que teceram, para que ao sairem do antigo involucro, este fique preso e facilite a muda. Caso se mude uma lagarta nesta fase, ao mudar de folha, perde-se esta ligação à seda, o que faz com que ela não se consiga segurar por falta de eficacia destas patas abdominais "velhas" e ao mesmo tempo cria-se uma dificuldade enorme, na mudança da pele, pois a antiga, não estando presa, vai-se mantendo por muito tempo, na metade traseira do corpo da lagarta, inviabilizando a utilização das novas patas abdominais, até que essa pele se liberte definitivamente.

segunda-feira, 24 de março de 2008

SELECÇÃO NATURAL NUNCA VISTA, SURPREENDE CIENTISTAS


As luas-azuis (Hypolimnas bolina), espécie de borboleta do Pacífico, teve a população de machos quase extintos, na Ilha de Savai.
Uma bactéria transmitida pela progenitora, matava os machos, a ponto da relação normal 50/50 entre os géneros, ter sido altamente desequilibrada. Esta bactéria (Wolbachia), matava praticamente todos os machos na fase embrionária e deixava só fêmeas na espécie, chegando a haver 99% de fêmeas contra só 1% de machos de acordo com o estudo realizado. Ainda no decorrer de 2006, foi feita uma nova observação alguns meses depois, e puderam constatar que a relação fêmeas/machos passou para 60/40. Pensa-se que a reviravolta nos números pode ter sido provocada por um supressor de genes desenvolvido pela espécie como forma de sobrevivência, uma selecção natural feita num só ano!. Um pequeníssimo grupo de borboletas do sexo masculino passou a ser resistente ao microrganismo e levou ao restabelecimento do equilíbrio da população.
Se assim for, esta é a mais rápida alteração evolutiva de uma espécie de que alguma vez se teve conhecimento, "Nunca houve uma tão rápida evolução numa espécie", disseram, esta semana, os professores da Universidade de Berkeley, Califórnia, que as estudaram em 2006.

sexta-feira, 7 de março de 2008

INSECTIA - 6º EPISÓDIO


Enquanto a Primavera não chega e as borboletas vão aparecendo timidamente, podemos ir visionando alguns trabalhos de grandes produtoras de documentários, com o nível do que de melhor se faz na BBC ou na National Geographic Society. Este é o 6º Episódio de uma série informativa, orientada por entomologistas e a qual se debruça sobre a ordem Lepidoptera. Os outros episódios são todos sobre a classe Insecta (tal como o titulo sugere) e aborda temas diferentes, também muito interessantes mas os quais já não se enquadram tão bem, neste blog. Este vídeo de 23 minutos está em língua inglesa, não está legendado e podem vê-lo, AQUI.

quarta-feira, 5 de março de 2008

ECLOSÃO DA GERAÇÃO DE 2007


Na passada terça-feira, 'nasceu' a primeira Papilio Machaon (macho) da geração que hibernou em 2007. Foi uma metamorfose que se deu sob a temperatura ambiente e sem qualquer intervenção externa. Pelo facto desta crisálida poder ter uma maior capacidade de eclodir com temperaturas mais baixas do que as restantes, as outras crisálidas foram colocadas em ambiente térmico controlado, de forma a acelerar as eclosões para poderem coexistir (em tempo útil) com esta, e poder reproduzir-se. A razão pela qual pretendo 'ajudar' a reprodução desta borboleta em particular, é para poder confirmar nas gerações seguintes e em particular na primeira geração de 2009, se esta é uma característica genética transmissível, ou se é apenas um episódio isolado. Nesta zona, mais a norte do país e devido ao clima ser mais frio, as primeiras gerações surgem apenas em Março enquanto que nas zonas a sul de Lisboa, aparecem a partir de meados de Fevereiro. Do ponto de vista genético, parece-me interessante verificar esta possibilidade de 'encurtar' o tempo de hibernação, fazendo uma 'selecção natural forçada', de forma a poderem ter um período de voo mais alargado.
Um fenómeno que verifico todos os anos, é o da data das primeiras eclosões, que a pouco e pouco vão-se dando cada vez mais cedo. Em 2007 a primeira borboleta desta espécie, 'nasceu' a 8 de Março enquanto que este ano já se deu a 4 de Março, não é significativo e até pode ser um caso isolado, mas de facto vão-se dando pequenos adiantamentos que, se contabilizarmos numa década, a média torna-se significativa.




quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

BORBOLETA, UM TESOURO DA FLORESTA - RTP2


A RTP2 esteve a emitir há poucas semanas, uma série documental de 6 episódios, intitulada 'TESOUROS DO MUNDO ANIMAL'.

No 5º episodio desta série, 'BORBOLETA, UM TESOURO DA FLORESTA', ficámos a saber, em 26 minutos, o que de fantastico se faz em alguns paises, para preservar, propagar e comercializar, estes belissimos seres. Um documentário de grande interesse, para os amadores e profissinais que se dedicam à criação de borboletas.
Este episódio, foi digitalizad por JPL , e o link para descarga no emule encontra-se no seu bl
og AQUI.
Para facilitar um pouco mais o trabalho, além do link do emule que contem a versão original de 235Mb, fica
AQUI a versão mais compacta do episódio.

Agradeço desde já o magnifico trabalho de digitalização, feita por JPL, que permitiu este post.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

TEMPO DE RECOMEÇAR O CICLO


O Inverno já vai a mais de um terço e é tempo de retirar as crisálidas de Papilio Machaon do frio artificial, para coloca-las na natureza. Como a temperatura no frigorífico é aproximadamente igual, à actual temperatura mínima do ar (aproximadamente 6 graus), é necessário colocar as crisálidas no exterior, para que, lentamente, se vão acostumando aos ciclos do dia e principalmente aos ciclos da temperatura e da humidade.
Quem utilizou este processo, então deve fazê-lo agora.
Convém que se coloquem as crisálidas com a zona abdominal/alar, para cima, pois só assim se consegue perceber a mudança de cor das asas, quando estiverem próximas de eclodir. Uma forma de ter a certeza que as crisálidas estão vivas, é pegá-las pela zona do tórax e verificar se mexem o abdómen. Se mexerem estão garantidamente vivas, pois é um comportamento de defesa. Se não mexerem, não quer dizer que estejam mortas, pode ser apenas que o revestimento queratinoso seja demasiado duro, ou pode ser que simplesmente não tenham qualquer reacção a este estímulo.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

SITE COM FOTOS E CLASSIFICAÇÃO DE LEPIDOPTEROS


Por vezes andamos de site em site à procura de informações ou fotos de borboletas e nem sempre as que encontramos são correctas ou completas. Aqui deixo o endereço de um site italiano, muito completo e bem estruturado, para que se possa ter um acesso fácil a fotos por designação e as plantas que servem de alimento às respectivas lagartas.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

A ÚLTIMA PAPILIO MACHAON DE 2007


Em seguimento ao meu último post, em que escrevi sobre uma lagarta de Papilio Machaon que encontrei fora da época, esta mesma lagarta passou a crisálida no último Domingo dia 9 de Dezembro, bem mais adiante da data que eu tinha previsto, em consequência do frio e da consequente diminuição do metabolismo da própria lagarta. Com esta, (e agora definitivamente a considero a ÚLTIMA DE 2007) termino o trabalho de recolha e acomodação das crisálidas para hibernação, deste ano. Para o ano, vou retirar as crisálidas, do frio, no início de Fevereiro e vou reproduzir as borboletas que nascerem primeiro, pois estas, terão maior capacidade de eclodir com temperaturas mais baixas e serão as que eu irei preferencialmente 'ajudar' a colonizar Aveiro, para que tenhamos borboletas mais resistentes e mais cedo.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

AS ALTERAÇÕES CLIMATÉRICAS


Ontem, ao passear na aldeia dos meus pais, perto de Oliveira de Azeméis, descobri numa arruda, uma lagarta de Papilio Machaon extremamente jovem, o que a 11 de Novembro, não é nada vulgar. A postura deve ter sido feita por volta dos finais de Outubro e o estado de crisálida será para depois do dia 20 de Novembro. Como ainda há quem diga que as alterações climáticas são um exagero dos ecologistas, aqui está uma prova, saida de um insecto que tem um relógio térmico extremamente preciso.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

AO LONGO DAS RIBEIRAS NAS VIZINHANÇAS DA SERRA DE MONCHIQUE. Artigo de 2004. (PARTE 2)


Esta planta "tem vindo a estabelecer-se como subespontânea em diversas regiões do mundo, incluindo a Europa, onde se encontra naturalizada ao longo das margens dos rios, próximo da costa, na Região Mediterrânica", adiantam. Porém, em Portugal, ela era quase desconhecida. "É certo que esta se expandiu de forma acentuada nos últimos anos na área de estudo, já que as populações actualmente conhecidas, embora conspícuas, não foram detectadas durante os estudos botânicos intensivos realizados na região em meados da década de 1990, em que foram encontrados apenas escassos exemplares localizados no sudoeste litoral." O facto de agora estar em expansão nesta região "deverá ter sido o factor determinante no estabelecimento da monarca como reprodutora" no Algarve, avançam os biólogos.Mas se as razões da estadia das borboletas-monarca podem estar explicadas, já não é tão simples descobrir de onde vêm. É que tanto pode vir do continente americano, de onde são originárias, como da Macaronésia (ilhas do Atlântico Norte, que abrangem as regiões autónomas portuguesas, as Canárias e Cabo Verde). Na Madeira e em algumas ilhas dos Açores existem colónias estáveis destas borboletas. Mas terão sido estas que avançaram para o continente? "Só estudos genéticos poderão eventualmente esclarecer esta questão de forma objectiva", referem Palma e Bívar de Sousa.E será possível a Europa vir a ser palco da fabulosa migração que as borboletas-monarca percorrem na América do Norte? Improvável. "Estas populações são aparentemente sedentárias, tais como as do sul de Espanha, Madeira, Canárias e Açores, ao contrário das norte-americanas, embora isso não queira dizer que não existam movimentos dispersivos importantes que podem estar na origem da colonização da Península Ibérica a partir da Madeira ou Canárias, caso seja esse o caso", esclarece Luís Palma.Mesmo que se deixem ficar apenas nas zonas de várzea das ribeiras algarvias, a sua simples presença nesta região já é um boa notícia.Nem que seja só porque a tornaram mais bonita.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

AO LONGO DAS RIBEIRAS NAS VIZINHANÇAS DA SERRA DE MONCHIQUE. Artigo de 2004. (PARTE 1)


Borboletas-monarca fizeram colónias no Algarve. As míticas borboletas-monarca, famosas pela longa migração que protagonizam na América do Norte, assentaram arraiais no Algarve. A origem ainda é desconhecida, mas a sua presença está já comprovada. Ao longo das ribeiras nas vizinhanças da serra de Monchique, os coloridos seres esvoaçam por ali há pouco tempo mas vaticina-se uma crescente colonização nos próximos anos.~De vez em quando, em anos recentes, um ou outro conhecedor dava de caras com uma monarca. Porém, tratavam-se de avistamentos esporádicos, a ponto de no recente livro sobre as borboletas de Portugal, de Ernestino Maravalhas - a obra mais actualizada sobre esta ordem de insectos no país, a espécie aparecer referida como migrante no continente.Mas em 2001, Luís Palma, da Universidade do Algarve, encontra, na ribeira de Seixe, um grupo de quatro borboletas-monarca juntas com todo o ar de quem tinha vindo para ficar. Com António Bívar de Sousa, especialista em borboletas, decide tirar o caso a limpo. Em 2003, os dois biólogos fazem uma busca sistemática nas serras e no litoral do Algarve. Em 15 locais, dos 107 prospectados, foram descobertas colónias de borboletas-monarca ("Danaus plexippus"). Num artigo publicado no boletim da Sociedade Portuguesa de Entomologia, Palma e Bívar de Sousa explicam que esta colonização deve ter ocorrido recentemente. E prevêem uma expansão nos próximos anos. Condição essencial para a presença de monarcas no país é a existência da planta de que depende, as asclepiadáceas. "A samaúma-bastarda, sedas ou pepino-da-seda ('Gomphocarpus fruticosus'), sobre a qual estão estabelecidas a quase totalidade das colónias de 'Danaus' detectadas no presente estudo, é um arbusto exótico de origem afrotropical, outrora plantado como ornamental ou cultivado para a produção de fibras têxteis", explicam os autores.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

AS MONARCAS NASCERAM


As Monarcas que restaram da experiência que fiz, há algum tempo atrás, nasceram hoje. Uma curiosidade é que, talvez por terem estado no frio bastante tempo, o desenvolvimente não se deve ter feito convenientemente e como tal, as que nasceram até agora, nasceram todas com as patas posteriores, atrofiadas. Outra curiosidade é que o tamanho médio das Monarcas, é ligeiramente inferior ao tamanho normal. Como não sei se irão fazer a diapausa, também ficarei na dúvida se têm uma capacidade reprodutiva normal e se os machos, conseguem copular as fêmes com que esta diminuição na sua capacidade de a imobilizar. Relativamente às Asclépias, continuam a crescer mas tenho receio que não tenham tamanho mínimo, caso as Monarcas se reproduzam.

domingo, 14 de outubro de 2007

A ULTIMA LAGARTA


Hoje, a ultima lagarta de Papilio Machaon, abandonou a Arruda, onde se alimentou durante algumas semanas. Só faltava esta, para que finalmente se juntasse às outras 39 que já se encontravam a hibernar.

Acabou-se o trabalho com as lagartas e começa de novo o trabalho de sementeira e de propagação das Arrudas e como todos os anos, vou semear cerca de 100 arrudas para as minhas futuras criações e as restantes vou tentar espalhar estratégicamente pelo campos, canteiros e terrenos baldios, para que não falte na natureza as Arrudas que cada vez são mais escassas.

Se estiverem interessados, tal como com as Asclépias, também entrego Arrudas a que pretender propagá-las ou para quem estiver interessado em ver a evolução deste insecto tão fácil de criar em casa, como era o Bicho-da-seda, que quase todos nós o fizemos na nossa infância.

sábado, 13 de outubro de 2007

O CAMINHO DA MONARCA


Tal como tinha prometido no post anterior, aqui está a continuação do artigo e desta vez com a indicação precisa, para encontrar o local das Monarcas em Portugal. Lembro que, quem se deslocar a este local, não deve cortar as plantas, mas sim levar sementes, pois as espécies só se fixam, se houer a planta hospedeira, e cortar a planta só está a fazer com que ela exista num sitio, desaparecendo de outro. Ajude a propagar as Asclépias em Portugal.
(continuação)
"Quem vem do Algarve pela Estrada Nacional 120, ao chegar a Odeceixe, deve voltar à direita, antes da ponte sobre a Ribeira de Seixe, por um caminho de terra batida. Seguir cerca de 15 quilómetros, sempre pelos desvios para a esquerda (lado da ribeira). Quando avistar a margem, se não vir uma Monarca a voar, procure as plantas indicadas e inspeccione-as bem. Verá com certeza lagartas. No regresso, escolha os desvios sempre para a direita, a fim de encontrar novamente a estrada. Quem vem de Lisboa encontra naturalmente o referido caminho, depois de atravessar a ponte, à esquerda. Do outro lado da estrada entrará na vila de Odeceixe ou seguirá para as praias onde por vezes se passeiam as Monarcas."

terça-feira, 9 de outubro de 2007

BORBOLETAS EM PORTUGAL - A CHEGADA DA MONARCA

Este é o titulo de um artigo do jornalista Gil Montalverne, que se pode encontrar na revista Atlantis de Setembro/Outubro de 2007 da TAP e que passo a transcrever:
"A monarca é considerada a mais célebre das borboletas migratórias. Originária do continente americano, pode hoje em dia ser observada em Portugal continental e ilhas, para júbilo dos especialistas e amantes da natureza. Saiba como encontrá-la!
A monarca percorre milhares de quilómetros num voo regular que a leva desde o Canadá, através dos Estados Unidos, até ao México onde o Inverno é menos rigoroso, permitindo-lhe aí permanecer até ao início da Primavera, quando retoma a viagem em sentido inverso para alcançar de novo as regiões de onde partiu. Atravessa também desde há muito o Atlântico até à Europa, forçada pelos ventos; ocasionalmente pode fixar-se se encontrar a planta hospedeira (Asclepia curassavica) de que necessita para depositar os ovos e da qual as lagartas se alimentam. Assim aconteceu na Madeira, Açores e Canárias, onde encontrou um clima extraordinário para viver e reproduzir-se várias vezes durante o ano. No continente há muito que eram observados exemplares já mortos ao longo da costa mas não qualquer sinal de colónias residentes. E enquanto no Reino Unido os especialistas e entusiastas se esforçam por distribuir sementes da planta hospedeira para tentar que esta cresça e a monarca se fixe, eis que ela pode agora ser observada em Portugal continental, em locais determinados do litoral algarvio até à fronteira com o sudoeste alentejano. E tudo isto porque ali encontrou a sumaúma-bastarda ou pepino de seda (Gomphocarpus fruticosus), um arbusto de origem afro-tropical da mesma família da sua planta hospedeira, que terá sido trazido para produção de fibras têxteis e se dispersou ultimamente pelos terrenos húmidos das margens de ribeiras que lhe são mais propícios. Descoberta feliz para aquela que é uma das mais célebres representantes do seu grupo e naturalmente para nós, que assim podemos usufruir da sua presença.
A monarca, nome comum da espécie Danaus plexippus, é uma grande e vistosa borboleta, muito resistente, com asas vigorosas de forte intersecção ao tórax. Assim consegue voar durante vários dias sem descanso, na sua migração anual Canadá - México de 2900 km ou os 6000 km, trazida pelos ventos, que separam a costa norte-americana da Ilha da Madeira. O seu ciclo ovo/lagarta/crisálida/borboleta completa-se em muito pouco tempo, cerca de 28 dias, mas pode, em certas circunstâncias, viver durante vários meses até acasalar e cumprir a sua função reprodutora, quando as condições o permitem. Se a temperatura for muito baixa, como sucede no México, entra num estado de semiactividade ou diapausa, resistindo longos períodos que podem atingir os 3 meses, alimentando-se muito pouco e sem gastar energia. A nossa observação pessoal na Ilha da Madeira notou as mesmas fases da metamorfose quatro vezes num ano. Onde efectuará a diapausa, se a faz, não se sabe. O certo é que os interessados podem vê-la em Portugal continental entre os meses de Maio e Outubro em diversas áreas das periferias noroeste e sul da Serra de Monchique, ao longo de várzeas fluviais, onde exista a Gomphocarpus fruticosus, mas também no litoral meridional e ocidental do Algarve.
No entanto a maior colónia de residentes está localizada na ribeira de Seixe, onde foi inicialmente detectada em Julho de 2001 pelo biólogo Luís Palma, que alertou para a hipótese de se tratar de uma população reprodutora. Das observações que se seguiram pelo biólogo Bívar de Sousa, ficou definitivamente confirmado que se tratava de uma colónia residente com centenas de indivíduos, associada aos núcleos da planta Gomphocarpus, intercalados por áreas de utilização agrícola ou pastoril, numa extensão de cerca de 10 km ao longo da Ribeira de Seixe. Nós próprios o constatámos e fotografámos, tendo observado ovos, lagartas, crisálidas e mesmo monarcas voando nas proximidades da foz a caminho das praias. É de facto a maior colónia no continente em dimensão e densidade.
A monarca coloca apenas um ovo em cada folha da planta hospedeira para que não haja competição, pois a lagarta é extremamente voraz e chega a devorar as mais pequenas. Come folhas, rebentos, flores e até os próprios revestimentos que perde durante as mudas. Não tem predadores porque, alimentando-se de plantas que contêm toxinas, estas incorporam-se e mantêm-se em todas as fases desde a lagarta à borboleta. A crisálida em que se transforma fica pendente durante cerca de 12 dias parecendo uma pequena caixa de jade com pontos dourados e só na véspera da eclosão se notam através da cápsula os desenhos das asas. Na manhã seguinte rompe-se e a magnífica borboleta liberta-se para nos dar a visão do seu voo elegante planando na paisagem."
Esta é a transcrição da maior parte do artigo que termina com uma descrição mais ou menos pormenorizada do precurso que leva ao local de observação, que colocarei no próximo blog.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Resultados da experiência com as Danaus


Lembram-se da experiência que estava a fazer com as crisálidas da Monarca (Danaus Plexippus) no frio?... pois é... deu mau resultado metade das crisálidas já morreram. O que aconteceu é que ficaram completamente pretas. Já tentei investigar o motivo pelo qual isto aconteceu, mas ainda não consegui chegar a nenhuma conclusão. O que decidi fazer, foi tirá-las do frio e colocá-las à temperatura ambiente. Espero que ainda consigam eclodir, pois a única explicação para aquele artigo que li, é que deve haver algumas borboletas com capacidade de atravessar o Inverno em forma de crisálida, mas deve ser uma minoria, tão pouco significativa, que realmente seria necessário dispôr de muitas centenas, para sobreviverem umas quantas.

sábado, 29 de setembro de 2007

Evolução das Asclepias


O tempo vai passando e as Asclepias vão germinando e neste momento já lá vão 25% de sementes que brotaram. A foto é de um dos vasos, onde se encontram as primeiras quatro A. Syriaca que nasceram.

Ainda voltando ao assunto das Monarcas (Danaus Plexippus) que importei do Reino Unido, uma delas já ficou totalmete escura, o que quer dizer que morreu por algum agente externo, parasita ou algum dano na crisálida. As outras continuam verdinhas e com aspecto de quem está a resistir aos 5 graus a que estão submetidas.

Para terminar, acerca das Papilio Machaon, as ultimas sete lagartas, continuam a sua caminhada para a hibernação. Todas as outras já se encontram no seu leito Outonal e são apróximadamente 40.

sábado, 22 de setembro de 2007

Papilio Machaon preparada para o Inverno


Pois é... chegámos ao Outono.

As lagartas de Papilio Machaon estão rápidamente a atingir o tamanho que lhes permite, iniciarem a hibernação em forma de crisálida.

Neste momento já tenho 16 prontinhas para, com o seu "fato novo", passarem os longos e frios meses que aí vêm, até ao inicio da Primavera.

Espero que mais 14 ou 15 se juntem a estas para que, aproximadamente 30, passem o Inverno juntas.

Iniciei hoje a desmontagem do borboletário que ficará sem cobertura e sem rede lateral até ao próximo mês de Março, onde tudo começará de novo.