sábado, 10 de maio de 2008

CONTROLO DE POPULAÇÕES, PARASITAS E PREDADORES

Já há um par de semanas, que as lagartas de Papilio Machaon iniciaram a fase de crisálida. Antes desta fase (ultimo instar), os maiores predadores são os pássaros, no entanto, logo que abandonam a planta hospedeira e encontram o local ideal para crisalidar, são de imediato 'escoltadas' por Hymenopteros, que não abandonam mais as lagartas e esperam pacientemente, até que estas percam a ultima pele, de forma a fazerem a ovoposição, enquanto a queratina não endurece (fotos de Klaus Kamppeter). Alguns destes parasitas, fazem a ovoposição, sem que a lagarta tenha perdido a ultima pele, mas a maioria espera, e durante essas horas em que a queratina está mole, fazem a colocação dos ovos no seu interior, injectando-os através de uma espécie de agulha que se encontra na extremidade do abdómen e que está adaptada para a postura, provocando irremediavelmente a morte da crisálida.
Para o criador atento, logo que a lagarta abandone a planta hospedeira, deve recolhê-la de imediato e colocá-la dentro de uma caixa de madeira inclinada a 45 graus, de modo a que quando fizer a ultima descarga intestinal (liquida), não caia sobre as outras que já se possam encontrar dentro da caixa, a crisalidar ou já crisálidas. Desta forma, além de se evitarem os parasitas, também se evita que a lagarta gaste muitas reservas alimentares na procura de local, resultando em borboletas ligeiramente maiores. A recolha das crisálidas, deve ser feita após 48 horas da perda da pele (quando a queratina já se encontra dura) e os fios da seda devem ser cortados com a lâmina de um x-ato, o mais encostada possivel à madeira, de forma a cortar apenas a seda. Depois é só acondicioná-las com cuidado e guardá-las no frigorifico a uma temperatura que esteja compreendida entre os 4 e os 8 graus. Devido à capacidade de hibernarem logo que a temperatura baixe, poder-se-ão juntar outras que crisalidem posteriormente e quando pretenderem que ecludam, podem ser retiradas do frigorifico a todo o tempo (quando acharem conveniente ou quando pretenderem expô-las) que eclodirão ao mesmo tempo, num espaço de, apróximadamente 15 dias (caso a temperatura ambiente seja elevada, poderá ser em menos tempo). Este processo é muito útil, para quem pretender programar exibições no borboletário ou para quem pretenda manter populações de Papilio Machaon fixas, durante um largo periodo de tempo, bastando para isso, retirar do frio (em espaços de 10 ou 15 dias) um quantidade de individuos que satisfaça o objectivo da exibição.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

COM QUANTOS OVOS SE FAZ UMA BORBOLETA?

Existem estudos desproporcionalmente maiores com insectos que podem causar danos ou estragos ao nosso bem-estar ou à economia, do que com populações naturais de insectos. Alguns biólogos e entomologistas, fazem estudos muito rigorosos, de forma a construir tabelas de vida, procurando com isso descrever o impacto relativo das fontes de mortalidade, sobre uma população natural de insectos. Em relação às borboletas, o conhecimento que existe sobre cada espécie, acerca do numero de ovos que atinge a fase adulta, não é fácil nem existem muitos estudos divulgados, além disso, há países em que os predadores/parasitadores, que existem para a mesma espécie, diferem, umas vezes porque de facto não existem nesses países, outras porque a sua população é diminuta (por factores climáticos). A Papilio Machaon é muito parasitada por insectos da ordem Hymenoptera, no entanto a Trogus Lapidator (foto de PJBernard) ou a formiga vermelha, que é muito usual em França na parasitação das Papilios, já têm pouco significado em Portugal.
Assim sendo, a pergunta que se põe é:
Com quantos ovos se faz uma borboleta?

Considerando que uma determinada população de borboletas é considerada estável,
também seria muito simples concluir que, seriam necessários apenas 2 ovos atingirem o estado adulto, para substituir os seus progenitores, mas... isto não é bem assim, pois existem adultos que morrem antes de se reproduzirem ou morrem (por variados factores) antes de fazerem posturas significativas ou não eclodem em condições perfeitas que lhes permitam reproduzir-se. Por outro lado também existem machos que copulam várias fêmeas, o que volta a reequilibrar esta relação de quantidades. "De facto, numa postura de 200 ovos, numero comum a milhares de espécies, apenas se desenvolverão meia dúzia ou pouco mais de insectos perfeitos." (As Borboletas de Portugal - Ernestino Marvalhas, pag. 59). Com isto, podemos concluir que, para um grande numero de espécies, pouco mais de 3%, atingem as condições ideais para a reprodução.
Para termos uma ideia mais abrangente, de como tudo isto é variável, num estudo divulgado por Filipe A. P. L. Costa, feito em 2005 à Hypothyris Ninonia, obtiveram os seguintes resultados:

Dos 858 ovos postos, apenas um chegou ao estado adulto, o que dá uma pouco mais de 1‰ de sobrevivência. A elevada predação e parasitação desta espécie, faz com que esta percentagem seja muito reduzida e em consequência, este insecto terá de fazer posturas de numero muito elevado, para que a população não seja reduzida.

Para que tem o gosto de criar borboletas, aqui estão dados científicos, que permitem 'perceber' a grande ajuda que estão a dar à propagação desta ordem de insectos.

terça-feira, 6 de maio de 2008

UM NOVO RECORD... MAS NÃO É MUNDIAL.


A ultima das crisalidas de Papilio Machaon, da geração de 2007, eclodiu.
Já há muito tempo que se fazem registos dos tempos de hibernação e normalmente os paises nordicos detêm estes records, devido à sua temperatura média ser relativamente baixa. No nosso caso a lagarta crisalidou em finais de Outubro de 2007 (não precisei o dia) e eclodiu a 5 de Maio de 2008. Como não tenho a data exacta e para não errar por excesso, convencionei que o dia seria 31 de Outubro de 2007, o que faz com que o tempo de hibernação tenha sido de 187 dias (por defeito)... mais de meio ano.
O registo da maior hibernação que se conhece, está atribuído a uma Papilio Machaon da Suíça, que hibernou durante 296 dias.

domingo, 4 de maio de 2008

LAGARTAS DEMAIS? NAAAÃO...


Quando se deram as eclosões, das mais de 40 crisálidas de Papilio Machaon da ultima geração de 2007, pensei que, talvez fosse possível aumentar este numero. As 44 que tive no final do ano passado teriam de ser superadas e o objectivo seria as 60. Este aumento, dar-me-ia maiores possibilidades de obter borboletas com maior tamanho, assim como obter maiores áreas de cor azul e vermelha, de forma a prosseguir com mais eficácia, este rumo na reprodução, a que me propus. Talvez por ter colocado poucas arrudas, fiquei com a sensação de que as posturas não tinham sido muito intensas, e quando achei que teria aproximadamente 70 ovos, retirei-as do borboletário, libertei-as e esperei que as lagartas nascessem. Qual não foi o meu espanto, quando após 3 semanas, verifiquei que afinal tenho mais de 150 lagartas esfomeadas e a darem imenso trabalho. Pensei que eram demais, mas com o passar do tempo, já me habituei e agora já não as vejo de maneira preocupante. Se conseguir ter sucesso com estas... quem sabe se para a 2ª geração não tentarei as 200... vamos ver.