sábado, 23 de agosto de 2008

SEQUÊNCIA DO MÉTODO DE CRIAÇÃO 2008.

Cada criador, tem o seu próprio método de trabalho, de acordo com o espaço disponível e a estrutura física do borboletário.
No meu caso e especificamente na criação de Papilio Machaon, é colocada uma arruda, de tamanho médio, numa zona mais ensolarada, para que se torne, por um lado mais visível e por outro mais atractiva, pois as Machaon, preferem fazer a postura em plantas que tenham uma exposição mais protegida e solarenga. Quando se iniciam as posturas, dependendo do numero de borboletas que se encontram no borboletário, pode fazer-se a substituição das plantas, de 3 em 3 dias, até diariamente. O motivo destas trocas frequentes, é para que não haja muitas diferenças de tamanho entre as lagartas, pois caso isso aconteça, corre-se o riscos das mais crescidas terem um debito de alimentação de tal ordem que os ovos que estão para nascer, são postos abaixo pelas mais crescidas. Assim sendo, quando tenho mais de 30 borboletas a fazerem posturas ao mesmo tempo, substituo as arrudas todos os dias, durante apróximadamente 15 dias.
Quando as primeiras lagartas atingem o 5º instar, já as posturas terminaram e é tempo de recolocar as primeiras arrudas, de novo no interior do borboletário,para que as lagartas não sejam comidas por pássaros, pois nesta altura, já têm tamanho suficiente, para terem este predador, como o maior inimigo. Ao mesmo tempo que são recolocadas no borboletário, é trocada a alimentação para funcho (Fueniculum Vulgaris) pois pretende-se que as lagartas sejam alimentadas com estas duas plantas, de forma a não criarem hábitos monófogos. Quando estão próximas do seu tamanho máximo, é tempo de serem mudadas para o interior, para que não desapareçam. A sua natureza, impele-as para crisalidarem afastadas da sua planta hospedeira e por isso devem estar num espaço sem fugas e de fácil controlo. Logo que teçam o fio que as vai suportar, devem ser retiradas do local (cortanto o fio com a ajuda de um X-Ato) e colocadas num recipiente, de forma a ser fácil mudar de local, quando for desejável, até que percam a última pele. Por fim, são colocadas (numa primeira fase) no frigorífico a cerca de 10 graus celsius, para que as que tenham "erro" genético ou falta de sensibilidade ao frio, ecludam (durante um período de aproximadamente 30 dias) e as restantes colocam-se a 6 graus celsius, para que permaneçam em hibernação durante o tempo pretendido pelo criador.

7 comentários:

Miguel disse...

Estive bastante expectante por este post, porque quando descobri o blog, estava tudo muito parado. Volto a dizer que acho a ideia muito interessante, e tento na medida do possivél adaptar o meu cantinho de ervas aromáticas a estas borboletas. No entanto ainda nenhuma por cá passou, quando aparecerem venho cá de novo para pedir ajuda. De qualquer forma, enquanto pessoa que gosta bastante de biologia e destes assuntos, não posso deixar de pensar (de uma forma construtiva) se esta actividade que se faz principalmente com esta espécie, por várias pessoas, não irá criar um excesso de população, dito "não natural" nesta espécie? e até que ponto isto não influencia outros animais e plantas, que estejam relacionados directa, ou indirectamente com a espécie?

Natura disse...

Olá Miguel
De facto, os ciclos são sempre controlados pelo numero de individuos.
No meu caso, e isso não explico muito no blog, pretendo apenas seleccionar individuos, de forma alterar o tamanho, a cor e a capacidade de voo. Neste momento as lagartas já atingiram um tamanho, que voltando para a natureza, são de imediato ingeridas por pássaros, pois devido ao seu tamanho, não se conseguem ocultar nos ramos finos da arruda ou do funcho.
As borboletas, em cativeiro, são mais limitadas do que as da natureza, devido às reproduções atingirem facilmente os niveis F4 e F5, o que resulta em especies fracas, por falta de variedade dos genes. Vendo as coisas pelo lado cientifico e atendendo que a alimentação de que dependem, está em grande numero em cativeiro e reduzido na natureza, caso voltem para o ambiente original, acabam por perecer e tudo se reequilibra de novo.
Um abraço e obrigado pelo comentário.

Anónimo disse...

Olá, gostei deste post. Já aprendi algumas coisas. Só não percebi o que é F4 e F5. Pode-me explicar melhor?
Francisco

Natura disse...

Olá Francisco

Então o que quer dizer F1, F2... F4, F5...?
F1 significa que o animal em questão está na primeira geração, feita em cativeiro, após ter sido recolhido da natureza, isto é, que os seus pais viviam em ambiente selvagem. Cada geração sucessiva, vai aumentando de numero. Sendo assim, os filhos da geração F1 serão F2, os filhos de F2 serão F3 e assim sucessivamente.
Quando voltamos a fazer criações a partir de indivíduos selvagens, voltamos a ter F1.
Existem ainda mais duas siglas, que nos importam, que são c/b do inglês "captive bred", que significa "criadas em cativeiro" e w/c do inglês "wild caught" que significa "captura selvagem".
Claro que para nós que compramos e vendemos, as crisálidas w/c são as mais caras. Os preços vão diminuindo, conforme são F1, F2... etc. Claro que se questionarmos o criador/vendedor, sobre esta classificação, terá de ser um criador/vendedor muito honesto, para nos dar a informação correcta.
Um abraço

Miguel disse...

Ok, percebi. :) No fundo o que fazes é uma selecção artificial das maiores, que de outra forma não sobreviveriam, correcto? É curioso que a natureza seja tão criteriosa, e que poucos centimetros façam a diferença entre sobreviver ou não. Não percebi uma coisa no processo: Após a eclosão das crisálidas e das posturas dos ovos, as borboletas que crias, ficam limitadas ao borboletário, ou vão para o exterior?

Um abraço e obrigado pelo esclarecimento

Natura disse...

Olá Miguel
Todas as borboletas que são criadas no borboletário, são mantidas em cativeiro, até morrerem... e porquê?
Uma das muitas características genéticas que me interessam desenvolver, é a capacidade de pôr ovos, e assim sendo as borboletas que tiverem mais capacidade de pôr ovos, serão as que aparecerão em maior numero na geração seguinte e consequentemente serão as que voltarão a pôr mais ovos, por serem em que se encontram em maior numero na geração seguinte. Assim sendo, tudo se confina ao borboletário, apenas acontecendo, esporadicamente, uma fuga.
Espero ter ajudado.

Vitor Lopes disse...

Sou amante de fotografia, mas também o fâ das borboletas como pode ver no meu singelo espaço.
Estou a preparar o meu terrenos para criar um borboletário, pelo que gostava de saber como e onde posso adquirir uma população, de borboletas, claro, rsrsrrsrs
Parabéns pelas explicações no seu blog.